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Justiça mantém prisão de capixaba detido na Itália por golpe milionário

Justiça mantém prisão de capixaba detido na Itália por golpe milionário

A Justiça deferiu o requerimento do MPES e manteve o decreto prisional em desfavor de Felipe Médici Toscano, acusado de aplicar um golpe de R$ 29 milhões em pelo menos três vítimas

Publicado em 19 de maio de 2021 às 16:41

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Felipe Médici Toscano, empresário capixaba preso pela Interpol na Itália
Felipe Médici Toscano, empresário capixaba preso pela Interpol na Itália. (Reprodução | Facebook)

Após audiência de custódia realizada na manhã desta quarta-feira (19), a Justiça decidiu que Felipe Médici Toscano, acusado de aplicar um golpe de R$ 29 milhões em pelo menos três vítimas, continuará preso. O empresário foi extraditado da Itália para o Brasil na última terça-feira (18).

Na decisão, a juíza Gisele Souza de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Vitória, detalha que o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) solicitou a manutenção da prisão preventiva de Felipe e relatou que o empresário utilizou de endereço falso na Itália, dificultando a sua localização pelas autoridades italianas e inclusive a extradição para o Brasil.

O MPES diz que esse fato não deixa dúvidas de que Felipe está tentando se esquivar da aplicação da lei penal. O órgão acrescentou que o empresário iniciou o processo da cidadania italiana a fim de se mudar para a Itália, onde pretendia viver desfrutando de todo o patrimônio que conquistou aplicando golpes.

No processo, o MPES detalha o caso de uma das vítimas de Felipe, que tomou um prejuízo de mais de R$ 10 milhões. Também cita que o empresário está sendo investigado pela prática de crimes de estelionato em pelo menos outros três inquéritos policiais que tramitam na Delegacia Especializada em Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), além de haver registro de mais dois boletins de ocorrência noticiando fatos semelhantes.

Modus Operandi

"Aliás, o próprio modus operandi empregado pelo réu nesses delitos, ou seja, o uso de recursos eletrônicos, indica a necessidade da prisão de Felipe, pois caso o acusado esteja em liberdade, terá acesso aos mesmos equipamentos tecnológicos através dos quais perpetrou todas essas fraudes e poderá fazer outras vítimas".

Empresário capixaba preso na Itália acusado de golpe milionário

Dessa forma, o MPES pediu pela manutenção da prisão preventiva do acusado. Considerando que o acusado possui cidadania italiana, o Parquet Estadual requereu a retenção dos passaportes do réu, incluindo o italiano.

O QUE DIZ A DEFESA

Em contrapartida, a defesa se manifestou dizendo que não existem mais elementos que possam sustentar a prisão preventiva de Felipe, disse que o acusado não opera mais no mercado de investimentos e que "já deu todos os demonstrativos que não pretende se furtar à aplicação da lei penal". A defesa pediu ainda que a prisão preventiva seja substituída por outra medida cautelar como, por exemplo, monitoramento eletrônico.

JUSTIÇA MANTÉM PRISÃO

Por fim, a Justiça deferiu o requerimento do MPES e manteve o decreto prisional em desfavor de Felipe. "Determino a expedição de ofício à Polícia Federal requisitando que seja lançado em seu sistema de controle de entradas e saídas do território brasileiro restrição de saída em relação ao acusado, atentando-se para o fato de que ele possui, além da cidadania brasileira, a portuguesa e italiana", finaliza.

RELEMBRE O CASO

Felipe Medici Toscano é agente financeiro que se oferecia para agenciar empresários a fazer aplicações financeiras em bancos estrangeiros. Ele movimentava o dinheiro das vítimas e repassava extratos e saldos falsos, chegando até a fazer um aplicativo de telefone e site para que as vítimas acompanhassem as supostas movimentações financeiras.

A polícia afirmou que tudo foi criado por ele para enganar as vítimas, que não conseguiam reaver os valores. Felipe foi preso na Itália em dezembro de 2018, pela Interpol, e o sócio dele, o ex-gerente de banco Alexandre Silva Mello, de 43 anos, também foi detido na manhã de14 de janeiro de 2019, na Praia do Suá, em Vitória.

Segundo a delegada Rhaiana Bremenkamp à época, titular da Delegacia de Falsificações e Defraudações (Defa), a esposa foi para a Itália com Felipe quando um dos golpes no valor de R$ 10 milhões foi descoberto. Ao retornar em dezembro para buscar documentos para retirar a cidadania italiana, Isis passou a ser alvo da polícia.

“Quando pedimos a prisão preventiva de Felipe, também solicitamos a apreensão do passaporte da esposa, pois, a princípio, ela era apenas uma suspeita. Porém, ao retornar ao Brasil e ser ouvida na delegacia duas vezes, a Isis omite a verdade e fatos para atrapalhar as investigações, proteger o marido e os valores que eles desviaram”, afirmou a delegada.

Bremenkamp também descreveu na ocasião a participação efetiva do empresário Alexandre Mello no esquema de golpes milionários. “Ele é um ex-gerente de banco que tinha a função de captar aquelas vítimas, quem tinha perfil e capital para que fosse alvo dos golpes. Ele era uma espécie de sócio do Felipe, que finalizava o golpe contra a vítima”, pontuou a delegada da Defa.

VÍTIMA QUE PERDEU MAIS DE R$ 10 MILHÕES

O advogado de acusação Renan Sales contou na época que a vítima, que não está sendo identificada, conheceu Felipe com a intenção de fazer um empréstimo bancário para empresa que possui, mas em seguida desistiu da ação. Foi abordado em seguida com a proposta de Felipe para investir na bolsa de valores em bancos internacionais.

“Ele desistiu de fazer esse empréstimo, mas o Felipe já tinha os dados dele e ofereceu essa proposta. Meu cliente chegou a acompanhar o serviço de Felipe Médici por um ano, na tentativa de conhecer melhor as ações. O Felipe trabalhava muito bem, ele conseguia maquiar as fraudes dele fazendo com que parecesse real o investimento, e meu cliente caiu no golpe em 2014”, relatou.

Sales contou ainda que o investimento da vítima não foi feito todo de uma só vez. “Ele fez o primeiro investimento e acompanhava por um site que o acusado falsificou, se passando por um banco. Além do site falso, o acusado apresentava à vítima relatórios físicos e eletrônicos que continham conteúdo falso, maquiado, que apresentavam, portanto, resultado divorciado da realidade. Os relatórios falsos indicavam que as aplicações financeiras da vítima estavam positivas, enquanto, na verdade, apresentavam resultado negativo”, detalhou o advogado.

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A vítima teria percebido que caiu em um golpe quando precisou retirar o dinheiro e não conseguiu. “Ele entrou em contato com o acusado querendo parte do dinheiro para um investimento na empresa, primeiro o acusado enrolou, depois ele chegou a dizer que era um golpe, temos uma gravação com isso que já está com a Justiça”, afirmou Renan Sales na ocasião.

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