Depois de a Justiça determinar a prisão do empresário Wagner Dondoni, condenado após provocar a morte de uma mulher e dois filhos na BR 101, em Viana, no ano de 2008, o cabeleireiro Ronaldo Andrade, esposo e pai das vítimas, desabafou: “Nunca deixei de acreditar”. Ronaldo também estava no carro quando perdeu a família.
Após 13 anos do acidente, que demorou uma década para começar a ser julgado, agora não há mais possibilidades de recursos judiciais, e a pena de 26 anos e 10 meses de reclusão deve começar a ser cumprida em regime fechado.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, Ronaldo Andrade demonstrou insatisfação pelo longo período até essa decisão final. Mas disse nunca ter deixado de ter fé e acreditar que a justiça fosse feita.
“Nesse período de 13 anos praticamente, que ele ficou só alguns meses apreendido, quem ficou recluso fui eu. Eu que fiquei nessa situação toda, correndo atrás da Justiça. Infelizmente, a nossa Justiça é um pouco morosa mesmo. Mas eu nunca deixei de acreditar. Sempre tive fé em Deus e na nossa Justiça, que é o que temos de recurso no momento”, contou.
O cabeleireiro também mostrou alívio pela decisão da Justiça sobre o homem que causou o acidente que matou a mulher e os dois filhos. Segundo Ronaldo, a pena para Dondoni não é suficiente, mas que ele pague pelo que foi determinado.
“Graças a Deus, nossa Justiça tarda, mas não falha. Saiu agora a condenação dele que já tinha sido feita, mas não tinha sido cumprida. Nesse momento agora, graças a Deus, ele vai pagar pelo que fez. E deixa a gente um pouco mais aliviado, porque trazer de volta a minha família não vai ser possível. Mas eu me sinto aliviado por ele pagar o que fez. Eu acho que é pouco ainda, mas se é o que a Justiça determinou, que seja cumprido”, completou.
No acidente provocado por Dondoni, morreram Maria Sueli Costa Miranda e os dois filhos, Rafael Scalfoni Andrade e Ronald Costa Andrade - a família de Ronaldo Andrade. A caminhonete guiada pelo empresário bateu no carro dirigido pelo cabeleireiro, por volta das 7 horas do dia 20 de abril de 2008. Ronaldo e a família seguiam para Guaçuí. Um exame de embriaguez detectou, à época, que Dondoni estava dirigindo sob influência de álcool.
Em novembro de 2018, Dondoni havia sido condenado a 24 anos e 11 meses de prisão, em regime fechado. A defesa ingressou com recurso, pedindo novo julgamento, sob a alegação de que a sentença do juiz Romilton Junior havia sido contrária às provas no processo. Entretanto, em outubro de 2019, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, além de não aceitar a solicitação, decidiu aumentar a pena imposta, passando a condenação para 26 anos e dez meses, mais 30 dias de multa, considerando um recurso do Ministério Público.
Quando apresentou o recurso em segunda instância, Dondoni estava preso, mas conseguiu um habeas corpus no início do ano passado, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), concedido pelo ministro Sebastião Reis Junior, dando liberdade irrestrita ao réu. Assim, desde o dia 14 de fevereiro de 2020, o empresário está solto. Na ocasião, o cabeleireiro Ronaldo Andrade, sobrevivente da tragédia, lamentou a soltura.
Até a manhã desta quarta-feira (7), Dondoni não havia dado entrada no sistema prisional, de acordo com informações da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) à TV Gazeta.
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