Prestes a completar cinco anos, o crime brutal que tirou a vida de uma advogada na Serra segue sem julgamento. Embora os acusados estejam presos desde o dia seguinte ao assassinato, a família de Gabriela Silva de Jesus ainda aguarda pela condenação deles na Justiça.
A advogada tinha 24 anos de idade e foi morta no dia 24 de agosto de 2017 no bairro Colina de Laranjeiras, em um crime que envolveu, segundo a polícia:
Os acusados são o ex-noivo da vítima, Rogério Costa de Almeida, que, à época tinha 34 anos e era estudante de Direito, e o amigo dele, Alexandre Santos de Souza.
A família de Gabriela organiza uma passeata para pedir Justiça. O ato está marcado para a próxima quarta-feira, quando o crime completa cinco anos.
"Cinco anos e a Justiça não faz nada. Parece que não estão nem aí, isso deixa a família revoltada", desabafou Francisco Pereira de Jesus, pai da vítima. O protesto está marcado para as 13 horas, com concentração em frente ao Shopping Montserrat, em Colina de Laranjeiras, na Serra.
Da última vez que a família achou que haveria um julgamento, um erro na data fez com que ele fosse cancelado: o agendamento equivocado aconteceu em fevereiro deste ano e previa a sessão para 14 de abril, mas o dia era considerado feriado no calendário do Poder Judiciário. Conforme consta nos andamentos do processo, no site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), o erro foi constatado na semana seguinte pela própria juíza Daniela Pellegrino de Freitas Nemer, da Terceira Vara Criminal da Serra.
Agora, a sessão foi marcada para 28 de novembro, mas a defesa da família de Gabriela acredita que a data pode mudar novamente.
"Acredito que esse júri não vai acontecer. Foi marcado para 13h30, há ainda um recurso para ser julgado no Tribunal, que a Defensoria Pública, de forma até surpreendente, novamente recorreu para o assassino. A gente ganhou o primeiro recurso, e agora eles estão indo para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a pronúncia do autor do assassinato. A discussão desse recurso é justamente se eles vão a júri ou não. Se a gente está discutindo isso ainda, como que a juíza fala que vai julgar antes do recurso? Estamos falando de cinco anos de um recurso boiando para lá e para cá e não tem decisão", pontuou o advogado Fábio Marçal Vasconcellos, que defende a família de Gabriela.
O advogado Rafael Almeida de Souza, que faz a defesa de Alexandre Santos de Souza, deu declaração sobre o caso. "Há uma demora injustificada para esse julgamento. A conduta que é perpetrada pelo Alexandre é totalmente diferente da conduta do Rogério. O Alexandre não tem participação na execução. Isso está demonstrado nos autos e é isso que vai ser demonstrado para os jurados. Para quem pretende demonstrar a verdade, essa demora é prejudicial", disse.
A reportagem também demandou a Defensoria Pública, responsável pela defesa de Rogério. O texto será atualizado, se houver retorno.
A Polícia Civil foi acionada por volta das 21h20 do dia 24 de agosto de 2017 para um atropelamento fatal na Rua Monte das Oliveiras, em Colina de Laranjeiras, na Serra. No local, porém, os peritos constataram que a vítima possuía marcas de estrangulamento. Após investigações, policiais chegaram até Rogério e Alexandre, que foram presos em flagrante.
Segundo a polícia, a advogada saiu de casa para ir ao trabalho, por volta das 11 horas. Quando seguia para o ponto de ônibus, foi abordada pelo ex-noivo, que dirigia um Fiat Idea, acompanhado do amigo, o motorista Alexandre.
Alexandre, que portava uma arma falsa, rendeu Gabriela e a obrigou a entrar no veículo. Segundo depoimento do próprio Rogério à polícia, os dois ficaram circulando com a vítima refém durante todo o dia.
À época do crime, o delegado Janderson Lube, que era o titular da Delegacia Especializada de Homicídio Contra a Mulher, disse que Gabriela foi mantida refém até 20 horas, quando teria conseguido sair do veículo pedindo por socorro, mas foi novamente abordada, agredida com socos e chutes, e depois estrangulada. "Os indícios são de que os autores sequestraram a vítima, torturaram durante as oito horas em que ela permaneceu em poder deles e, depois, com a tentativa dela de fugir, eles a mataram”, disse.
Segundo o delegado, houve testemunhas que confirmaram a tentativa de fuga da advogada e as agressões que ela sofreu. “Isso ocorreu em um momento em que eles estavam já próximos ao local onde ela foi morta. Houve uma tentativa de ela sair do carro. Ali, os dois agridem a vítima com socos e chutes. Depois, um deles dá uma gravata nela e ela cai já desacordada".
Com a vítima já morta dentro do carro, a polícia afirmou que os assassinos ainda passaram com o carro por cima do corpo de Gabriela para simular um acidente. Foi quando a Polícia Civil recebeu o acionamento para ir ao local de um suposto atropelamento fatal, mas, lá, os peritos identificaram que a vítima tinha sinais de estrangulamento, e foi iniciada a investigação criminal.
Nas imagens acima é possível observar a movimentação dos acusados, em um carro preto, até cometerem o sequestro da advogada. Primeiro, eles se aproximam do prédio onde a vítima morava e param na esquina. No entanto, os criminosos decidem se afastar e estacionam o veículo, um Fiat Idea, de forma que Gabriela, ao andar na calçada, em direção ao ponto de ônibus, não perceba que eles estão ali esperando para a abordagem. Quando a vítima se aproxima do carro, ela é rendida e empurrada para dentro do veículo.
Informações divulgadas pela polícia apontam que Gabriela e Rogério namoraram de fevereiro de 2012 até janeiro de 2017, quando, já noivos, terminaram a relação. Segundo a polícia, o crime teria sido cometido por causa de ciúmes, já que Gabriela estava em outro relacionamento e Rogério não aceitava.
Rogério foi preso na madrugada do dia seguinte ao crime, enquanto estava dormindo. Ele não resistiu à prisão e entregou a participação de Alexandre, que também foi preso em casa, no município de Vila Velha. Os dois foram indiciados por sequestro, tortura e homicídio qualificado.
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