Após ser afastado do cargo por três anos e retornar à função em outubro depois de obter uma decisão favorável no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o vereador de Fundão Sandro Lima (PSD) foi reeleito e conseguiu, nesta sexta-feira (1º), ser escolhido também para assumir a presidência da Câmara do município.
Sandro Lima havia sido afastado em outubro de 2017. O vereador e mais cinco pessoas, entre elas o ex-prefeito Anderson Pedroni, são réus em uma ação na Justiça Estadual que apura um esquema de corrupção no município de Fundão, na Região Metropolitana da Grande Vitória.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apontou que o grupo teria atuado para possibilitar que uma empresa que presta serviços de limpeza pública - e teria apoiado Anderson Pedroni nas campanhas - assumisse a gestão do lixo no município. O grupo, segundo a denúncia, teria pedido propina de 10% do contrato que a companhia tinha com a prefeitura mensalmente, que era de R$ 250 mil, mas chegaria a R$ 500 mil, segundo o MPES.
Na decisão que afastou o vereador, a juíza Priscila de Castro Murad afirmou que o afastamento das funções públicas revelava ser a medida mais adequada porque "as infrações penais imputadas foram praticadas no exercício de função pública e em razão dela" e que havia "justo receio de que os denunciados possam continuar utilizando os cargos para dar continuidade à prática delitiva."
Além do vereador, a irmã de Anderson Pedroni, Roberta Pedroni, que é servidora efetiva do município, também foi afastada pela magistrada.
O vereador Sandro Lima recorreu da decisão na primeira e segunda instâncias, mas não obteve sucesso. A defesa do político, então, entrou com um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, no final de outubro de 2020, a ministra Laurita Vaz concedeu um habeas corpus ao vereador, que pôde voltar ao cargo.
Ao acatar o pedido do vereador, a ministra justificou que o período do afastamento, que durou 3 anos, sem que houvesse uma condenação, "frustra ilegalmente o exercício do mandato eletivo" do político.
Nas eleições de novembro de 2020, Sandro foi reeleito para o cargo de vereador com 289 votos. E, nesta sexta-feira, em sessão extraordinária realizada logo após a solenidade de posse dos eleitos, foi escolhido pelos colegas para presidir a Câmara de Vereadores de Fundão pelos próximos dois anos. Dos 11 vereadores da Câmara, Aelcio Rodrigues Peixoto e Janderson Luiz Soares Paltrinieri, ambos do Podemos, foram os únicos que votaram contrários à chapa única liderada pelo Sandro.
Após a eleição da Mesa Diretora, Sandro fez um breve discurso, de menos de cinco minutos, sem mencionar o período do afastamento. O vereador, no entanto, citou uma passagem bíblica, dizendo que ele era um exemplo de que "os humilhados serão exaltados."
A defesa do vereador afirma que Sandro é inocente das acusações. De acordo com o advogado Helio Deivid Amorim Maldonado, Sandro não participou de nenhum esquema criminoso.
"O Sandro é denunciado por corrupção e a corrupção seria que ele ameaçava o proprietário dessa empresa por fazer denúncias contra ele. Tem denúncia no Tribunal de Contas e no Ministério Público, feita pelo Sandro, que estava cumprindo o seu papel de fiscalizar. Ele não recebeu nenhum benefício disso. Ele ficou afastado por uma decisão de uma ação penal, que afastou ele sem fundamentação, e não teve um ato processual em dois anos. O processo não andava e ele ficava lá afastado, sem a chance de se defender nesse período", argumentou o advogado.
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