Ainda durante a campanha para o governo do Estado, a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB) já ouvia questionamentos sobre sua capacidade para ocupar a posição que passaria a exercer em 2019. Desde então, precisou lidar com comentários pouco elogiosos e dúvidas sobre ter ou não competência para o cargo.
Nesta semana, mais uma vez a socialista se tornou alvo em uma publicação que tentava desqualificar sua atuação e foi chamada, entre outros termos pejorativos, de "vira-lata". Em resposta, Jacqueline entrou com ação na Justiça por violência política de gênero.
"Desde a escolha do meu nome para vice, sofri ataques. Diziam: 'essa mulher não tem competência', ou 'o governador não vai poder pegar uma gripe'. Ouvi muito isso na campanha. E agora, faltando pouco mais de 200 dias para terminar o mandato, ainda sofro ataques e de uma maneira muito baixa, que não afetou só a Jacqueline, mas também outras mulheres", ressalta.
As ofensas direcionadas à Jacqueline foram à esteira de uma publicação que ela fez em defesa do governo do qual faz parte, após acusações do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), sobre suposta fraude em licitação na gestão estadual. Pazolini fez a declaração em um evento público no último sábado (14), disse ter provas, mas que até o momento não foram divulgadas. O próprio Executivo provocou o Ministério Público para cobrar do prefeito a comprovação das alegações.
O conteúdo contra a vice-governadora a compara a um cachorro que abana o rabo para o dono, numa referência ao governador Renato Casagrande (PSB), e late para os adversários.
A ação na Justiça, assim como o boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Cibernéticos, se baseia na Lei 14.192/21, que criou normas para prevenir a violência política de gênero. Assim, tornou-se crime assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar candidatas, ou mulheres em exercício de mandato eletivo. A vice-governadora disse que também deverão ser considerados crimes contra a honra, como injúria e difamação.
"Essa violência é uma tentativa de silenciar uma mulher no exercício do mandato. As falas são tão pejorativas que, de certo modo, pode, afastar outras mulheres da política. É uma violência porque ataca a minha honra, a minha história de ser, até agora, a única mulher eleita na história do Espírito Santo para o governo. Ao me atacar, atacam todas as mulheres de modo a afastá-las desse espaço", ressalta.
Mesmo se sentindo violentada com os ataques, Jacqueline assegura que não vai se intimidar, nem se calar. A vice-governadora conta que, na contramão do discurso de ódio, recebeu muito apoio. Dentro e fora do governo. Várias manifestações por telefone, pessoalmente e em publicações nas redes sociais. Nesta quinta-feira (19), chamada a participar de uma reunião na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), recebeu homenagem e carinho dos servidores.
"Ele ataca a mim, fere as pessoas que estão perto de mim, mas, de certa forma, indigna uma sociedade inteira. Ninguém como eu, que correu do 'rapa', armou barraca por 15 anos, que acordava às 5 horas e só chegava em casa tarde da noite, vai se calar. Minha vida é terra pisada, meu coração é chão batido, o que me emociona são as manifestações de sororidade que tenho recebido. As mulheres vão seguir avançando na política", declara Jacqueline.
A vice-governadora também faz uma distinção do autor dos ataques, que tem um site na internet, do que é o jornalismo profissional. "Acredito que ele envergonhe a classe jornalística. O jornalismo sério, que eu valorizo muito, não ofende a honra das pessoas", conclui.
Logo após os ataques, Jacqueline também divulgou uma nota. Confira:
A justiça, a verdade e o respeito são três pilares muito fortes na minha vida e história. Com esses valores, cultivo minha família, amigos e também são esses valores que guiam minha vida política. Porém, vivemos tempos difíceis, de verdades distorcidas e muita má intenção disfarçada de notícia.
Tenho sido uma vítima sistemática dessa rede de injustiças e mentiras, que insiste em tentar me desqualificar com ‘matérias’ mentirosas, covardes, racistas e misóginas, sem se importar em provar suas acusações ou pelo menos ouvir os dois lados da história. Um comportamento está muito longe de representar o que é o jornalismo brasileiro.
Tenho orgulho em ser a primeira mulher eleita vice-governadora na história do Espírito Santo e em representar a maioria da população capixaba, que são as mulheres. Os compromissos que tenho assumido não me permitem dobrar os joelhos perante comportamentos absolutamente machistas.
Sou uma grande defensora de uma imprensa livre, que luta e entrega a verdade com fatos apurados. Sem injustiças. Me solidarizo com o trabalho dos jornalistas sérios e quero aqui expressar todo o meu respeito a vocês. Não são tempos fáceis, mas tenho certeza de que, mais uma vez, a verdade prevalecerá.
Minha gratidão ao apoio da minha família, dos meus amigos e do governador Renato Casagrande nessa luta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta